Municípios produtores de melancia são excluídos do zoneamento

Há décadas a Zona Sul do Estado é considerada um dos polos de produção de melancia. Mas, apesar da cultura estar presente na região há mais de 40 anos, municípios como Cerrito, Pedro Osório, Arroio Grande, Jaguarão, Capão do Leão, Herval, Piratini e Canguçu encontram-se fora do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que é um instrumento de política agrícola adotado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos.

Preocupado com a falta de incentivo aos produtores dos municípios excluídos, que não podem acessar crédito rural e seguro para esta atividade, o agrônomo da Emater Evair Ehlert solicitou à Associação Rural de Pelotas (ARP) que reunisse o coordenador da 7ª Regional da Farsul, Clóvis Victória, e representantes de entidades e produtores para uma reunião com vistas à preparar documento para o Ministério da Agricultura, que solicitará a inclusão da área excluída no Zarc, com base em nova metodologia para realizar as análises climáticas na região. “A importância histórica e socioeconômica do cultivo da melancia na Zona Sul, que cultiva anualmente área superior a mil hectares, não foi levada em conta”, avaliou o presidente da ARP, José Luiz Martins Costa Kessler.

Nos estudos de zoneamento são avaliados os parâmetros do clima, solo e dos ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Desta forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção.

Os elementos climáticos de maior relevância para o cultivo da melancia são temperatura, umidade relativa do ar, ocorrência de chuvas e exposição à luz. Clima quente, noites amenas, dias longos e baixa umidade relativa do ar favorecem o desenvolvimento da cultura e a qualidade dos frutos.

Na Metade Sul, a última análise climática foi feita há quatro anos por uma empresa terceirizada pelo Ministério da Agricultura que registrou média anual de 18ºC, enquanto que a faixa de temperatura para obtenção de produções economicamente viáveis situa-se entre 20ºC a 30ºC. “Nós precisamos reverter esse quadro”, afirmou Andreo Marini, que cultiva melancia no Capão do Leão, Pedro Osório e Arroio Grande.

Também participaram da reunião na ARP, nesta segunda-feira (1º/08/16); o presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos de Pelotas (AEAPel), Jamir Silva; o pesquisador da Embrapa, Ivan Rodrigues de Almeida; da Emater/RS-Ascar Evair Ehlert e Ronaldo Maciel; a diretora Associação Rural de Pelotas Mercedes Echenique; o representante do Sicredi Nilson Loeck e os produtores Joel Radtke e Andreo Marini.

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