Uma pista cheia de boas expectativas para a Expofeira de Pelotas. Qualidade do rebanho da região é apontado como diferencial para garantir bons negócios

Centro de uma região que responde por aproximadamente 15% da produção da pecuária gaúcha o município de Pelotas passará a ser o centro das atenções do setor nas próximas semanas, quando a Associação Rural promove a Expofeira. O evento que chega a sua 96ª edição é o mais antigo do Rio Grande do Sul e sua pista de leilões é um dos termômetros mais confiáveis para os negócios da estação. A queda dos preços do boi vivo, registrada nos últimos meses, não abala a confiança de quem carrega a responsabilidade de fazer os negócios acontecerem na feira.

Os dados da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) revelam um quadro preços em queda na comparação com o mesmo período do ano passado. Em agosto o preço do boi vivo caiu em média 4%. O levantamento conjuntural feito pelos técnicos da Emater/Ascar apontam na primeira semana de setembro a redução foi de 4, 23% no preço médio do boi para o abate em relação à semana anterior, passando de R$ 10,40 para R$ 9,96/kg vivo. E, no da vaca para o abate, os valores decresceram 4,17%, de R$ 9,12 para R$ 8,74/kg vivo.

A diminuição dos preços está em parte atrelada, segundo analistas de mercado, a redução do processamento de carne nas regiões norte e centro-oeste a partir da suspensão temporária das atividades de seis unidades da JBS. Esse movimento causou o aumento das escalas de abate, freou o apetite de compras e derrubou os preços a partir do deslocamento de animais destas regiões para frigoríficos do sul do país. Os compradores deste gado acabaram por produzir mais do que seus mercados poderiam consumir, o que deu sequência a um efeito dominó reduzindo os preços no mercado interno.

“A isso se soma o momento de retirada dos animais das pastagens para a safra de verão, o que mantém a oferta aquecida e isso foi determinante para o mal desempenho nestes meses, mas continuamos com a perspectiva positiva. A venda para o Uruguai e outros compradores colabora para regular o mercado”, diz o economista chefe da Farsul, Antonio da Luz.

Todavia, Luz diz que apesar dos pesares o momento tem seu lado positivo. “Vemos um momento bom para quem precisa comprar porque os preços estão mais baixos. É um período favorável de comprar para vender lá na frente”, afirma.

Expofeira ofertará mais 600 animais.

Os nove leilões agendados para a 96ª Expofeira devem ofertar aproximadamente 600 animais, entre os quais estão 300 touros das raças montana, hereford, bradford, angus e brangus. A qualidade do plantel colocado em pista é apontada como o diferencial capaz de assegurar médias muito semelhantes ao do ano passado quando o preço médio dos touros ficou em R$ 20,7 mil.

Quem está comprando touros não está atrelado a um único ano, mesmo assim esse comprador está descolado, pois está projetando o investimento para frente. Como a mercadoria ofertada na região é muito boa acredito que vamos ter preços semelhantes aos praticados ao ano passado”, diz Rodrigo Crespo, do Casarão Remates.

O representante da mais antiga casa de remates em atividade no país, Eduardo Knorr segue na mesma linha e prevê uma Expofeira de bons negócios e capaz de alcançar os R$ 8,5 milhões comercializados no ano passado.  “A Expointer foi um balizador e o que vimos foi que os pecuaristas seguem produzindo um produto diferenciado e com muita vontade de se reencontrar, buscar novas tecnologias e ver como seus rebanhos estão inseridos no contexto do mercado e isso só é possível com os julgamentos nas feiras. Por isso e, pela envergadura da praça de Pelotas, creio que teremos uma grande feira”, comenta.

Os dois leiloeiros concordam que o insucesso da soja em algumas regiões do RS – por causa da estiagem do ano passado – reduziu o dinheiro circulante no agronegócio gaúcho, mas não acreditam que isso possa afetar negativamente os negócios na Expofeira. “Os números mostram que a exportação de carne vai muito bem com mercados exigentes, com altíssima qualidade e isso nos consolida como líderes neste segmento e atrai compradores”, diz Knorr.

Otimismo também na arena dos crioulos.

Animados pelo ano excepcional – cujo primeiro semestre foi o disparado o melhor dos últimos cinco anos – criadores e compradores de cavalos crioulos nutrem grandes expectativas para a pista de leilões na Expofeira de Pelotas. Resultados obtidos na Expointer, onde as médias de alguns leilões chegaram a R$ 103 mil e um único animal, Ponteiro da Vendramin da Estância Vendramin, de Palmeira (PR), foi arrematado por R$ 1,15 milhão, ajudam a potencializar as expectativas.

“Os leilões arrancaram batendo recordes, a raça crioula está em ascensão e a expectativa é muito boa. Acho que podemos ter ótimas surpresas”, diz o leiloeiro Pedro Mancha.

Serviço

A 96ª Expofeira acontece e 3 a 9 de outubro no Parque da Associação Rural de Pelotas Ildefonso Simões Lopes, na zona norte da cidade. De segunda até sexta o ingresso será gratuito mediante doação de 1 Kg de feijão ou 1 Garrafa de óleo ou 2 litros de leite ou 1 pacote de fraldas infantis fechado ou 1 brinquedo novo ou seminovo, em condições de uso. Caso a doação não seja realizada, será arrecadada a taxa de R$ 5,00 na bilheteria o dinheiro destinado ao projeto Mesa Brasil do Sesc. No final de sábado e domingo o ingresso custa R$ 15 e crianças até 6 anos não pagam. Idosos e estudantes têm desconto de 50%.

O estacionamento não está incluso no ingresso e deverá ser pago diretamente no local ao valor de R$ 15,00 por veículo de segunda a sexta-feira e R$ 20,00 sábado e domingo.

 

Esta entrada foi publicada em Destaque Capa, Noticias. Adicione o link permanente aos seus favoritos.